Adolescência: Por que Esta Fase É Tão Difícil?
- Bárbara Fu

- 28 de ago. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 29 de ago. de 2023

A adolescência é um período de grandes transformações.
Toda transformação é, em alguma medida, dolorosa.
Embora os pais já tenham atravessado e vivido suas adolescências, vivenciar a adolescência dos filhos é um processo árduo que exige uma boa dose de compreensão e jogo de cintura.
Adolescer é um processo difícil, estranho e angustiante.
Aos poucos a criança começa a se estranhar no universo infantil, deixa de se interessar por alguns brinquedos e brincadeiras e outros temas começam a ganhar espaço em seu repertório.
Entrar e sair dela não acontece de uma hora pra outra e nem é um processo gradual, porque ao mesmo tempo que o jovem começa a se desencaixar do universo infantil ele ainda não se encaixa no universo adulto.
É como um período de transição que ele está ali, sem lugar definido, oscilando entre um e outro (várias vezes ao dia).
Estas jovens crianças começam a demonstrar impaciência com algumas intromissões, passam a deixar os pais de fora de alguns assuntos, sentem que há uma distância de universos entre eles e as crianças mais novas e também entre eles e os adultos mais velhos.
Aos poucos também vão se tornando contestadores natos, questionam regras que eram até então bem estabelecidas, questionam a autoridade dos pais, julgam e apontam dedos, polemizam assuntos e opiniões. Tudo isso com a intensidade fervorosa de um jovem ainda imaturo.
Surgem preocupações avassaladoras com o corpo, com a aparência, com os amigos, com a própria sexualidade e pretensões amorosas.
Mas afinal, por que a adolescência é uma fase é tão difícil?
Como já dissemos, a adolescência é uma fase de transformações.
Existe uma força desconhecida e incontrolável aflorando.
A criança vê seu corpo crescer se transformar, os hormônios começam a ser produzidos na direção de uma maturação sexual e no meio de tantas mudanças físicas, biológicas e psicológicas, o humor e as emoções ficam intensificados e à flor da pele.
Imagine viver um período em que você não se reconhece mais, nem através do corpo, das emoções, dos impulsos.
Até as ideias parecem diferentes, já que agora eles se sentem mais preparados para formas e defender suas próprias ideias e opiniões.
Também há uma transformação cognitiva em curso, o que tornam cada vez mais capazes de formular hipóteses e argumentações mais refinadas, fazem questionamentos mais elaborados e têm mais maturidade para reconhecer e falar de suas emoções ou pensamentos mais abstratos.
À medida que crescem, ganham mais liberdade e com isso, têm de aprender a lidar com o peso das responsabilidades - o que é bastante frustrante - pois se na infância as crianças são poupadas de algumas complexidades e frustrações da vida, na adolescência muitas delas começam a aparecer.
O adolescente vive a perda de sua infância.
E se na infância os pais são heróis poderosos e capazes de protegê-los de tudo, na adolescência começam a ser vistos de uma forma mais real, com defeitos e qualidades.
Os pais não parecem mais tão heróicos e onipotentes e o adolescente não se sente mais tão protegido e representado como antes, ele precisa se diferenciar.
Os amigos ganham maior importância, as amizades passam a ter mais estabilidade e intensidade – socializar o ajuda a lidar com as dúvidas e angústias.
Esta não é uma mudança que depende dos pais e tão pouco é prejudicial.
Enxergar os pais como pessoas reais em suas qualidades e falhas, prepara o adolescente para investir em suas próprias características, amadurecer e consolidar sua identidade.
É possível traçar um caminho respeitoso e livre de conflitos?
Muitas emoções e sentimentos que compõem o “universo adulto” são experimentados pela primeira vez na adolescência – a dor do primeiro amor, a insegurança em relação à sua aparência, o medo do julgamento dos colegas, a tensão de não saber como agir sozinho – por isso, muitos comportamentos e reações podem parecer desmedidos ou exagerados para quem convive com um adolescente.
Por isso, o relacionamento com os pais continua sendo uma fonte essencial de segurança e referência.
Nesta fase, os pais também devem aprender a exercer um novo papel na vida dos filhos, uma atuação talvez mais passiva que envolve ouvir, aceitar, relevar e acolher um pouco desta avalanche de sentimentos.
Aos pais, também cabe saber que qualquer adolescente normal vai vivenciar conflitos internos e externos neste período e além disso, vai buscar se separar dos pais em alguma medida.
Esse movimento é saudável, importante e necessário na construção de suas identidades e apropriação da própria vida e questões.
Trata-se de um novo modo de viver e o apoio é essencial para ajuda-los a lidar com o crescimento, com os novos medos e até com a própria agressividade.






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