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Ansiedade: Considerações Importantes Sobre o Mal do Século

  • Foto do escritor: Bárbara Fu
    Bárbara Fu
  • 29 de ago. de 2023
  • 4 min de leitura

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Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) aproximadamente 9,3% da população brasileira tem algum tipo de transtorno de ansiedade.

Somos o segundo país com maior prevalência de ansiedade no mundo e assistimos este diagnóstico ganhar cada vez mais evidência, o que é importante e preocupante ao mesmo tempo e neste texto eu gostaria de falar um pouco sobre estas duas perspectivas.


Eu acredito que falar abertamente sobre a ansiedade e seus sintomas é de extrema importância primeiramente porque normaliza diálogos necessários sobre saúde mental.

Temos visto como as questões subjetivas e emocionais têm ganhado espaço de reflexão e quando colocadas em pauta, reforçam como a saúde psíquica (ou saúde mental) é uma parte essencial da experiência humana e da saúde integral de uma pessoa.



Além disso, cada vez mais desmistificamos a ideia de que os transtornos mentais estejam relacionados à desvios de caráter, falta de força de vontade ou ausência de algum tipo de religião.


Muitas pessoas sofrem exaustivamente com sintomas intensos e recorrentes de ansiedade, com prejuízos que afetam seus relacionamentos, carreiras e outros contextos da vida.

Por isso é tão importante que estudos, pesquisas e discussões ganhem espaço, pois auxiliam que as pessoas tenham acesso aos tratamentos adequados, e possam, através deles, retomar uma possibilidade de bem-estar psíquico e emocional.


Quando falo de tratamentos adequados, me refiro à um conjunto de medidas que ajudam a manejar a ansiedade, sua intensidade e efeitos.

Eliminá-la totalmente não é algo possível e sequer seria saudável, já que a ansiedade é um fenômeno natural do nosso funcionamento psíquico.

Ela acomete todas as pessoas em diferentes momentos da vida, por isso, diagnósticos e tratamentos equivocados também podem ter efeitos negativos e prejudiciais.



Mas afinal, o que é ansiedade?


A ansiedade é um fenômeno psíquico que tem manifestações físicas, mentais e psicológicas e que é despertada em situações que representam algum tipo de perigo ou risco para o indivíduo, seja este risco real ou de alguma forma, subjetivo.


Todos podemos ter taquicardia, aperto no peito, perder o sono ou a fome quando estamos passando por situações difíceis ou preocupantes – por exemplo uma entrevista de emprego, uma apresentação de trabalho, um período de preocupação financeira, uma questão de saúde.


A ansiedade pode ser benéfica quando nos impulsiona a agir diante de algo que nos incomoda, aflige ou ameaça.

Ela dá sinais que há algo de desconfortável acontecendo internamente e nos convida a pensar a respeito, a nos preparar para agir e atravessar esse momento ou situação.


Para outras pessoas, ou em outras situações, a ansiedade pode ser paralisante ou aterrorizante, de forma que a pessoa tenha prejuízos reais em suas relações, trabalho, estudos, autoestima e outras áreas da vida.


A forma como cada pessoa atravessa situações críticas ou desafiadoras é sempre única e subjetiva. Esta forma está ligada à nossa história de vida, à nossas marcas, nossos traços de personalidade, crenças e valores.


Por isso, todo e qualquer diagnóstico de ansiedade deve ser feito por um profissional especializado, num processo de avaliação cuidadoso e aprofundado que considere e escute tudo que envolva seus sintomas.


Como diferenciar uma ansiedade “normal” de uma ansiedade patológica?


Como comentei acima, o diagnóstico deve ser feito por um profissional especializado num processo que avalie a forma como os sintomas se manifestam, a recorrência com que eles aparecem e a intensidade destas manifestações.


Os sintomas físicos mais comuns são:


· Tonturas e/ou sensação de desmaio

· Falta de ar, aperto no peito

· Taquicardia, palpitações ou dores no peito

· Tremores

· Dor de barriga ou prisão de ventre

· Alterações no sono e no apetite

Entre os sintomas psicológicos mais associados estão:


· Preocupação e nervosismo constante

· Dificuldades para se concentrar

· Medo predominante

· Angústia, inquietação, pensamentos obsessivos

· Acreditar fortemente em resultados catastróficos que poderão de alguma forma afetá-lo drasticamente


A forma como os sintomas interferem em sua rotina e em suas relações e o sofrimento provocado são indícios importantes para decidir buscar ajuda profissional.


Se você está em sofrimento, busque ajuda. Um psicólogo pode ajudar.


E o que causa o transtorno de ansiedade?

Dificilmente podemos estabelecer uma causa única para o desenvolvimento de transtornos desta ordem. De forma geral, há uma combinação de fatores que se interrelacionam e formam sintomas que vão se manifestar em situações críticas ou situações-gatilho do indivíduo.


Sabemos que alguns fatores de risco podem estar associados aos transtornos de ansiedade. Estudos da Psicologia e Psiquiatria têm evidenciado a relação entre traumas psicológicos e dificuldades de adaptação a ambientes sociais (exemplo: perdas significativas, abusos de qualquer ordem, situações de violência, desastres naturais, mudanças abruptas, etc.)


Além disso, vivemos em uma sociedade que favorece o aumento da ansiedade, que nos cobra soluções rápidas e imediatas sem tempo para a reflexão. Nossos sentimentos são atropelados pela necessidade do imediato e muitas vezes não conseguimos entrar em contato e lidar com eles. Comumente ouvimos frases como “esquece isso” ou “bola para frente, vai passar”, uma tendência que nos afasta cada vez mais de quem somos e do que sentimos.

Há também estudos que relacionam os transtornos de ansiedade à comprometimentos biológicos como genética, doenças hormonais, dores crônicas, uso de medicamentos, abuso álcool ou drogas e tumores cerebrais.


Quais são as formas de tratamento?


A psicoterapia é um instrumento fundamental para qualquer indivíduo entender melhor a ansiedade que lhe toma. É através dela que se tem a possibilidade de entrar em contato com experiências emocionais antigas e marcantes, que quando mal compreendidas no passado, podem estar relacionadas às angústias sentidas hoje.


O processo expande o autoconhecimento, aproximando o indivíduo de sua história e de seus sentimentos, desta forma, as causas de seus sintomas ansiosos se fazem mais conscientes.

Em muitos casos o tratamento medicamentoso também pode ser indicado por um médico psiquiatra. Mas é importante reforçar que o medicamento atua sobretudo para inibir os desconfortos físicos e mentais.


Isoladamente, o remédio não possibilita que o indivíduo compreenda as emoções envolvidas nas situações críticas, identifique o que está por trás das situações de gatilho e que possa encontrar uma forma efetiva de manejar a própria ansiedade.

Nos casos de tratamento medicamentoso é essencial que ele aconteça junto com o tratamento psicológico.


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