Cuidar de Si: Autocuidado & Saúde Mental

Falar de autocuidado é suscitar uma questão importante e de certa forma até incômoda à nós mesmos: quanto tempo você consegue dedicar para cuidar exclusivamente de você e que tipo de qualidade há neste tempo dedicado?

Ainda que o mercado da beleza tenha se apropriado bastante deste termo e associando-o às rotinas skincare, tempo de investimento na saúde física, banhos relaxantes e fuga da rotina, o autocuidado pode ter um alcance muito mais amplo em nossa saúde integral (física, mental e psicológica).

Estamos diariamente tocando o barco da vida e em muitos momentos ignoramos o acúmulo de desconfortos que carregamos ao longo dos dias e que consequentemente se arrastam pelas relações interpessoais, familiares, profissionais, influenciam a forma como lidamos com os acontecimentos, nossa disposição diante da vida.

Eu gosto do conceito que o autocuidado traz porque nos propõe voltar a atenção às nossas necessidades mais básicas, sejam elas fisiológicas, mentais ou emocionais.

A auto-observação é um exercício importante e que pode ser aprendido e adquirido, ela nos convida à perceber e ser honesto sobre como realmente estamos nos sentindo em determinado momento. É como uma pessoa querida que com cuidado e atenção te lança uma pergunta: você não me parece muito bem, como você está? Tem algo te incomodando?

Se não podemos ser 100% sinceros em relação à isso com qualquer pessoa, que sejamos principalmente com nós mesmos.

Trata-se de perceber as sensações que se instalam em nosso corpo, os pensamentos que rondam a cabeça e as atitudes que costumamos tomar quando sentimos que algo não está muito legal.

Uma noite mal dormida, uma notícia ruim do jornal, um atraso ao trabalho, uma tarefa que não deu pra ser cumprida. Inúmeros infortúnios podem acontecer num dia comum e que sem perceber, abalam nosso ritmo interno e podem trazer uma sensação de cansaço ou frustração.

Importante dizer que autocuidado não se trata de desviar, evitar ou anular os sentimentos desconfortáveis presentes em um dia qualquer, mas sim admitir que tais sensações existem em nós naquele momento, que provavelmente estão ligadas à uma causa.

Isso por si só nos lança para uma afirmativa muito valiosa, que pode ser construída diariamente: como você está se sentindo importa, sobretudo para você mesmo.

Cuidar de você pode ser tirar um dia de cuidados estéticos sim, mas também pode ser se permitir reduzir o ritmo, não dar conta de tudo, tomar um ar por alguns minutos.

Pode ser dizer não para algumas demandas ou pessoas, pedir ajuda, ficar um pouco indisponível, priorizar suas necessidades.

Autocuidado tem a ver com lançar um olhar sobre você mesmo, dar voz às suas necessidades, conhecer seus limites e respeitá-los.

Aos que por algum motivo não sabem onde encontrar este espaço para olhar e ouvir a si mesmo, trago abaixo algumas sugestões aleatórias, pequenas espaços que podem facilitar um momento de conexão com si mesmo, um primeiro encontro.

1. Ler sobre algo que lhe interessa ou estimula

2. Escrever sobre o que está sentindo ou pensando

3. Tomar sol

4. Alongar, relaxar ou meditar

5. Conversar com um amigo ou alguém que confie

6. Fazer terapia

7. Fazer uma atividade física que te agrade

8. Assistir um filme ou programa que te conecte com suas emoções

9. Ouvir música

10. Tomar um banho relaxante

11. Comer algo gostoso

12. Sair para uma caminhada

13. Aromaterapia (acender velas ou essências perfumadas)

14. Dançar

15. Dormir (para recompor suas energias, descansar e relaxar, não como fuga)

16. Presentear a si mesmo

17. Se preparar para uma conversa desagradável, porém, necessária

18. Começar algo novo (uma aula, curso, receita)

Neste caminho de ouvir a si mesmo vale reforçar que também pode ser autocuidado criar sua própria lista, com ações que fazem sentido única e exclusivamente para você e sua história, gostos, ritmo e tudo mais.